Tocqueville possui duas obras principais: ‘‘O Antigo Regime e a Revolução’’ e ‘‘ A Democracia na América’’. O segundo fala sobre os Estados Unidos, ele se pergunta como podem ser uma sociedade democrática e liberal ao mesmo tempo, já o primeiro, o porquê da frança ter tantas dificuldades para chega até um regime político de liberdade.
Primeiramente, para nosso autor a democracia pode ser entendida como a igualização das condições, porém, não quer dizer intelectualmente iguais ou economicamente iguais, somente a ausência de diferenças hereditárias de condições, isso está substancialmente interligado à liberdade, uma vez que ela não pode ser exercida em cima dessa forma de desigualdade. É interessante observar, pelo fato da democracia ser um sintoma da industrialização, que essas características não são abaladas pela atividade comercial e industrial, ora, as riquezas são do tipo ‘‘móvel’’ e não se cristalizam em famílias através de uma relação hereditária, mesmo através da herança, a riqueza ainda não perde sua mobilidade. Todo esse sistema é garantido por instituições cujo modelo lhe parecia existir na América. Ademais, há uma característica comum entre Tocqueville, Montesquieu e alguns autores clássicos, eles concordam que o corpo social é soberano, a participação de todos no sistema representativo e no modo como o poder é exercido é condição sine qua non de uma sociedade democrática e igualitária. Sempre proporcionando o bem-estar do maior número possível de cidadãos, seu principal objetivo não é o poder ou a glória, mas sim a tranqüilidade e prosperidade.
O que nos importa aqui é a noção de liberdade. Sua principal característica é a ausência de arbitrariedade. Isso ocorre quando o poder é exercido através das leis, naturalmente, como Tocqueville possui influência de Montesquieu, atribui às leis um papel central em toda a análise. O que é melhor? Ser governado por bons homens ou boas leis? Com a questão aristotélica colocada em mesa, Tocqueville opta pelas leis, uma vez que ninguém tem a virtude necessária e não sendo sensato entregar o poder, na sua forma absoluta, a alguém, é forçoso, portanto, uma pluralidade de centros de decisões. As causas que explicam o êxito desse sistema nos EUA são colocadas hierarquicamente por Tocqueville, as questões geográficas e históricas – apenas circunstâncias favoráveis, ou seja, não possuem um papel decisivo – as leis e, mais importante, os costumes e a religião. Não obstante, o caráter federativo de sua constituição. Assim como
Montesquieu, Tocqueville acredita que um sistema federalista combina as vantagens dos grandes e dos pequenos Estados. O Estado deve ser grande o suficiente para ter a força necessária para a segurança, e pequeno para sua legislação se adaptar à diversidade das circunstâncias, Tocqueville considera esse sistema como uma das melhores qualidades das leis americanas. Outro fator importante é a liberdade de associação e a utilização dessa liberdade com a multiplicação de organizações de voluntários, um grupo de cidadãos com o objetivo de estudar e resolver os problemas sociais, isso se torna importante pelo fato do Estado não dar conta de todas as demandas sociais, devido ao tamanho e complexidade da sociedade Moderna. Por fim, Tocqueville comenta sobre a liberdade de imprensa com certas ressalvas, pois nos chama a atenção aos abusos que a mídia acarreta, sendo difícil impedir que manipule certas informações, todavia, tem consciência de que é preferível a liberdade completa à sua supressão.
Outra questão importante em seu texto é a importância que atribui ao fato de os EUA terem agregado o espírito da religião ao espírito de liberdade, isso ajuda no sistema democrático pela necessidade de uma disciplina moral inscrita na consciência individual, longe de ser pelo medo da punição, desse modo, podem se autogovernar. Aponta justamente como um dos motivos da França ter tantas dificuldades para passar por um processo democrático, o fato de a religião estar em oposição com a liberdade, uma oposição entre o espírito Moderno e a igreja, conflito que decorre de uma longa tradição.
Apesar de tudo, a democracia não deixa de apresentar perigos morais e políticos. Esses são os principais motivos da necessidade de uma constante vigilância, Tocqueville afirma que a democracia tende à centralização, ou seja, uma espécie de despotismo de um homem, por conta da influência de um demagogo no corpo, até então, soberano. Não obstante, o perigo constante da tirania da maioria; a dificuldade está em controlar o poder de uma maioria para não abusar de sua vitória e oprimir a minoria. Esses movimentos são possíveis e legitimados pela própria liberdade, não é de se surpreender que um próprio americano seja autor dessa frase. Prova disso é que as leis são uma forma de garantir a liberdade, assegurando seus ‘‘limites’’ e fazendo com que a liberdade de um, acabe quando a do outro começa. Naturalmente, sempre visando o bem-estar da maior parte da população possível.
Por: Jimmy Moreira, Guilherme Camargo, Leonardo Lemos e Eduardo Reis.